quinta-feira, 1 de março de 2012

Gerações e Geração de um Conto



Domingo. Após o delicioso almoço em família, gerações, móveis e autores afastavam pai e filho. Progenitor: Clarice Lispector. Herdeiro: Espinosa. Distantes como durante a semana. Ou próximos como nunca? O filho levanta os olhos; o pai, os óculos.

- Pai, obrigado pelo ensinamento de amor aos livros.
- Filho, foi meio sem querer. Até egoísmo...

Freud explica.

O pai nunca lera Freud. Preferia romances. Nem o filho: preferia Jung.

O pai sempre o presenteara com livros. Aumentava a mesada após cada leitura.

- Escrever também lhe satisfaz. Escreva mais!
- Ando ocupado, trabalho...
- Já poderia se aposentar...

Silêncio. Óculos. Clarice.

- Pai, falando sério. Tenho lido sobre “felicidade” e...
- Autores técnicos... Devia ler romances...
- Eu gosto de escrever! Vamos escrever um livro?
- Muita ambição.

Semana seguinte. Bienal. Pai e filho juntos. Um concurso de micro contos. Bom começo!

Desafio: só 140 caracteres. Escreveram dois: “Gerações e autores afastavam pai e filho; este levanta olhos; o pai, os óculos. – Escrevamos um livro!  - Ambicioso... Bienal: micro contos. Bom começo...” e “ O pai, agora avô, só dava livros ao filho, agora pai. Reclama que o neto não quer brincar; só quer saber de livros digitais na Internet...”

O filhou errou no procedimento de inscrição do concurso de micro contos:

- Não ganhamos.
- Ganhamos, sim, filho. Foi divertido.
- E o livro?
- Eu topo. Podemos tentar...
- Então concordo. Ganhamos!




Nenhum comentário:

Postar um comentário