quinta-feira, 14 de junho de 2012

Parabola, Parabolé


Não sou homem de poucas palavras
Sou de muitas
Queria ser de todas.
E as prefiro escritas,
Para que ao vento não se percam.
Canto palavras, complexo tenor;
Pinto palavras, prolixo pintor.
Brinco, danço e ensaio em rascunhos.
Desenho e enceno.
Divirto-me ao as divertir.
Por vezes, enfrento-as, estico-as e manipulo-as, sim.
Mas não tergiverso, não divirto.
Venero palavras. Amo palavras.
Como as mais apaixonantes e elas me habitam.
As digiro ou regurgito.
Saboreio metáforas ou vomito frases.
Lambo morfemas.
Devoro significantes, excreto significados.
Galanteio palavras. Por vezes as traio:
Com sinônimos, com brincadeiras, com passagens.
Em consentida poligamia, adoro que outros as usem. Bem.
Respeito as palavras.
Aceito-as limitadas.
Consolo as emotivas.
Retruco às racionais.
Enalteço inclusive as que ainda precisam ser inventadas.
As crio e as crio. Em todas creio.
Defloro neologismos.
Perifraseio em orgasmos múltiplos.
Falando, versando, conversando.
Enaltecendo, xingando, duvidando.
Ironizando, complementando, concordando.
Citando, confabulando, dialogando.
Relendo, rimando, recitando.
Escrevendo. Vivendo. Escrevivendo.

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